Hospital
do RS fecha UTI e transfere pacientes após detectar superbactéria considerada
uma das mais perigosas do mundo´
O
Hospital Municipal de Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, precisou fechar a
Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e transferir pacientes internados para
outro setor após detectar a presença de uma bactéria da espécie Acinetobacter
baumannii, considerada uma das mais perigosas do mundo pela Organização Mundial
da Saúde (OMS).
De
acordo com a Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH), que administra
o estabelecimento, "pacientes foram realocados em outras unidades que
comportam suas necessidades de tratamento intensivo e estão recebendo todos os
tratamentos disponíveis e assistências".
Assim
que a presença da bactéria foi detectada, órgãos de fiscalização sanitária do
município e do Estado foram acionados. A FSNH ressalta ainda que a bactéria não
é transmitida pelo ar e, portanto, não expõe os demais pacientes em outros ambientes.
Nos dias 11 e 15 de julho, dois pacientes
foram internados na UTI do hospital com infecções causadas por essa bactéria.
Nos dias 16 e 22 do mesmo mês, foram registrados dois casos de transmissão
cruzada dentro da UTI.
Na
última segunda-feira (4), o hospital decidiu fechar a UTI e transferir os sete
pacientes para a Unidade Neurovascular. A unidade foi esvaziada para receber os
pacientes da UTI, e as cirurgias cardíacas eletivas foram temporariamente
suspensas.
Superbactéria
A
Acinetobacter baumannii, bactéria do mesmo gênero detectado no hospital gaúcho,
foi listada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2024 como uma das
bactérias mais perigosas do mundo.
A
OMS classifica as bactérias como perigosas com base em vários critérios:
●Taxas de mortalidade
●Incidência (número de
infecções)
●Impacto na saúde
●Desenvolvimento de
resistência
●Transmissibilidade
●Evitabilidade
●Opções de tratamento
●Desenvolvimento de novos
medicamentos
Acinetobacter baumannii
A
Acinetobacter baumannii é descrita como um "patógeno bacteriano
oportunista emergente" associado a infecções hospitalares.
O
risco de infecção aumenta conforme o tempo que os pacientes permanecem
hospitalizados. Pessoas com sistemas imunológicos vulneráveis estão
particularmente em risco. A Acinetobacter baumannii também é resistente aos
carbapenêmicos.
Carbapenêmicos
são os chamados antibióticos de reserva, que são utilizados somente em último
caso, quando não há outra alternativa. O uso indiscriminado destes antibióticos
promove o desenvolvimento de resistência.
"Esse
microrganismo pode sobreviver por longos períodos em superfícies e
equipamentos, resistindo a muitos antimicrobianos. A permanência de pacientes
durante o processo aumenta o risco de novas infecções graves e potencialmente
fatais, especialmente em pessoas criticamente enfermas. A medida visa proteger
pacientes e profissionais, restabelecendo a segurança do ambiente
assistencial", afirma o hospital, em nota enviada a reportagem.
Nota
da Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH)
"A Fundação de Saúde
Pública de Novo Hamburgo (FSNH) esclarece que tomou as devidas providências tão
logo identificou a bactéria Acinetobacter na área da UTI Adulto do Hospital
Municipal, informando oficialmente os órgãos competentes de fiscalização sanitária,
tanto do município quanto do Estado, garantindo a transparência e a adoção das
medidas regulatórias necessárias. A partir do monitoramento conjunto realizado
pela Direção Técnica, Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH),
Núcleo de Segurança do Paciente (NSP) e demais setores envolvidos, foram
adotadas ações de contenção imediata. Os pacientes foram realocados em outras
unidades que comportam suas necessidades de tratamento intensivo e estão
recebendo todos os tratamentos disponíveis e assistências. Cabe ressaltar que a
bactéria não é transmitida pelo ar e, portanto, não expõe os demais pacientes
em outros ambientes." Por-GZH