A grande maioria dos casos (228) ocorreu no Maranhão.
O País teve o maior registro de contaminação por agrotóxicos na década,
com 276 casos, segundo o relatório anual da Comissão Pastoral da Terra (CPT),
divulgado nesta quarta-feira (23). O número de 276 ocorrências em 2024
representa um aumento de 762% em relação ao ano anterior, quando 32 casos foram
registrados pela CPT.
A grande maioria dos casos (228) ocorreu no Maranhão. Segundo a CPT,
comunidades tradicionais estão sendo atingidas pela pulverização aérea de
agrotóxicos na região.
A entidade já havia alertado sobre o aumento de casos de contaminação por
agrotóxicos em um relatório sobre o primeiro semestre de 2024, divulgado no
último mês de dezembro. Na ocasião, Ronilson Costa, da coordenação da CPT,
disse que um dos fatores que explicava o aumento de casos registrados de
contaminação foi o crescimento das denúncias realizadas por comunidades
afetadas pelo problema.
“Os casos que aconteceram em 2022 e 2023 foram muito visibilizados.
Quanto mais se comunicou esses fatos, mais as pessoas consideraram uma situação
grave e passaram a denunciar”, disse Costa no ano passado.
A Comissão Pastoral da Terra, ligada à Igreja Católica, organiza
publicações sobre conflitos no campo desde 1985. O relatório da CPT também
indica que houve 2.185 casos de conflitos em 2024, uma queda de quase 3% na
comparação com o ano anterior, quando o país bateu um recorde de ocorrências.
Apesar da queda, ainda é o segundo maior número da série histórica, que
teve início em 1985. Por outro lado, os assassinatos diminuíram em 58% na comparação
com 2023, com 13 vítimas. Ainda assim, as ameaças de morte foram as maiores da
década, com 272 casos registrados, uma alta de 24% frente ao ano anterior.
São registrados os casos entendidos como ações de resistência e
enfrentamento que acontecem em diferentes contextos sociais. As disputas
envolvem, por exemplo, luta por terra, água, direitos e pelos meios de trabalho
ou produção.
Em 2024, as categorias das ocorrências foram disputas por:
* terra (78% dos casos);
* água (12%);
* trabalho (6%);
* resistência (4%).
Em 2024, os indígenas seguiram como as principais vítimas de assassinato
por causa dos conflitos no campo. Eles representaram 38% dos casos, com 5
vítimas. Também foram assassinados 3 trabalhadores sem-terra, 2 assentados, 1
posseiro, 1 quilombola e 1 pequeno proprietário.
Dos 13 assassinatos registrados, 8 aconteceram nas regiões de Exploração
das Fronteiras Agrícolas, representando 62% dos casos, segundo o relatório. A
área abrange parte do Nordeste, do Norte, do Cerrado e o Matopiba (formado pelo
Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). O estudo constatou que 46% dos crimes
foram comandados por fazendeiros e 31% tiveram policiais como executores.
O relatório apontou um aumento de 11% dos incêndios (194) e 39% de
crescimento do desmatamento ilegal (209) na comparação entre 2024 e 2023. Entre
julho e agosto de 2024, incêndios de grandes proporções se espalharam pelo
Brasil. Na época, o prejuízo estimado para os produtores foi de R$ 14,7
bilhões, em 2,8 milhões de hectares de propriedades rurais, apontou um
levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
De acordo com a CPT, a região mais afetada pelo desmatamento e pelo fogo
é a Amazônia Legal, com destaque para o Mato Grosso, responsável por 25% dos
casos de incêndios registrados no território nacional, e o Pará, que concentra
20% dos registros de desmatamento ilegal.
Em 2024, cresceu o número de resgates de trabalhadores em situação
análoga à escravidão, aponta o relatório. O aumento foi de 39%, o que
corresponde a 1.622 trabalhadores resgatados. Já o número de casos caiu 40%,
com o total de 151 registros. As informações usadas no estudo foram da campanha
“De Olho Aberto para Não Virar Escravo”. As informações são do portal de
notícias g1.