Pesquisa revela que alta de preços muda hábitos de consumo e redesenha tradições do feriado no Brasil
A Páscoa de 2025 chega com menos brilho nas vitrines e mais cautela no
bolso dos brasileiros. A inflação e o orçamento doméstico apertado estão
mudando a forma como o país celebra o feriado. De acordo com a pesquisa
“Celebração e Consumo de Páscoa | Mar/25”, realizada pela Hibou, 10% da
população afirma que não pretende comprar nenhum tipo de chocolate este ano.
O dado revela um comportamento marcado pela contenção de gastos e pela
priorização de despesas consideradas essenciais. Em um cenário de escolhas mais
conscientes, os consumidores demonstram preferência por itens acessíveis, como
bombons e barras avulsas.
Bombons ganham espaço nas cestas
Enquanto os tradicionais ovos de chocolate perderam força — escolhidos
por apenas 34% dos entrevistados —, as caixas de bombons lideram a preferência
com 43%. Em seguida, aparecem as barras avulsas (42%) e os chocolates
artesanais (21%). Um em cada três consumidores também afirma que pretende
aproveitar promoções.
A percepção de preços mais altos influencia diretamente esse
comportamento: 87% dos entrevistados disseram que os ovos estão mais caros este
ano. Por isso, 34% planejam reduzir a quantidade de ovos comprados e 24% vão
substituí-los por outros formatos mais baratos.
O bolso dita o presente
A pesquisa aponta que o preço é o principal fator de decisão na hora da
compra (69%). Promoções (41%), sabor (39%) e preferência pessoal (33%) também
aparecem com destaque. Outros fatores, como pedidos dos filhos (18%), marca
(18%), brindes (14%) e tema dos ovos (12%), completam a lista.
No quesito gasto, 65% pretendem desembolsar até R$ 250 com os presentes
de Páscoa, enquanto 26% devem gastar entre R$ 250 e R$ 500. Apenas 8% afirmam
que o valor vai ultrapassar os R$ 501.
Menos praia, mais encontros em casa
A celebração da Páscoa também mudou. O almoço em família segue como a
principal tradição, com 60% dos brasileiros confirmando participação. Em
seguida vêm a troca de chocolates (30%) e os pratos típicos (22%). Visitas a
familiares e amigos na mesma cidade devem ser feitas por 26% dos entrevistados.
Já as viagens perderam espaço. Apesar do feriado prolongado, apenas 8%
pretendem ir ao interior, 3% escolheram a praia e apenas 1% tem planos para o
exterior. A intenção de viajar para o litoral caiu: em 2025, apenas 16%
apontaram a praia como destino, contra 40% em 2024 e 37% em 2023.
Entre os meios de transporte, o carro próprio lidera (69%), seguido por
avião (27%) e ônibus (2%). O aumento no número de viagens aéreas — 10 pontos
percentuais a mais que em 2024 — indica uma leve retomada da aviação comercial.
“O consumidor escolhe com o coração, mas também com o bolso”
Para Lígia Mello, CSO da Hibou, o cenário é um chamado para as marcas
repensarem suas estratégias. “Estamos diante de uma Páscoa 2.0: menos ovos
caros, mais bombons acessíveis. O consumidor escolhe com o coração, mas também
com o bolso. Existe um esforço para manter as tradições e o carinho por meio do
presente, mesmo com orçamento enxuto”, afirma.
A pesquisa “Celebração e Consumo de Páscoa | Mar/25” foi realizada entre
28 e 31 de março de 2025 com 1.248 brasileiros maiores de 18 anos, das classes
A, B, C e D. A margem de erro é de 2,8%, com nível de confiança de 95%. A Hibou
é uma empresa especializada em pesquisas de mercado e consumo. Há mais de 15
anos no setor, realiza estudos qualitativos, quantitativos, de campo e análise
de comportamento do consumidor, com foco em insights estratégicos. Correio do Povo